Micro-oxigenação: a respiração do vinho

Micro-oxigenação: a respiração do vinho

Em um post anterior constatamos os benefícios da técnica da micro-oxigenação. Em este post apresentaremos os princípios fundamentais e seus fatores limitantes.

Em um post anterior constatamos os benefícios da técnica da micro-oxigenação. Em este post apresentaremos os princípios fundamentais e seus fatores limitantes.

A adição do oxigénio pode-se realizar em diferentes etapas de elaboração dos vinhos, tendo em conta os objetivos e o modo de utilização será diferente em cada ocasião:

  • Durante a fermentação alcoólica (fase 1)
  • Entre a fermentação alcoólica e a fermentação maloláctica (fase 2)
  • Depois da fermentação maloláctica ou estágio (fase 3)
  • Antes del embotellado (fase 4)

Na fase 1 e na fase 4, o oxigénio adiciona-se de forma pontual (ou violenta) para as necessidades das leveduras e para preparar os vinhos para o seu estágio em garrafa.

Figura 1: As diferentes fases de adição de oxigénio de forma violenta ou controlada. (Fonte: Vivelys) Figura 1: As diferentes fases de adição de oxigénio de forma violenta ou controlada. (Fonte: Vivelys)

Distinguimos a adição antes da fermentação maloláctica (FML) da adição pós FML porque não se podem obter os mesmos resultados e não se aplica nas mesmas condições.

Antes da FML, a adição do oxigénio permite desenhar a estrutura do vinho, e depois da FML será a base do vinho.

Em esta fase de desenho, a adição de oxigénio permite criar uns polímeros complexos entre antocianos e taninos mediante uma ponte etilada (etanal) como se indica na seguinte figura:

Figura 2 : Princípio de polimerização de Tanino-Antociano com a ponte etilada. (Fonte : Vivelys) Figura 2 : Princípio de polimerização de Tanino-Antociano com a ponte etilada. (Fonte : Vivelys)

A produção de etanal é um elemento chave para a utilização da micro-oxigenação.   Deve produzir-se o suficiente, mas não em excesso, já que poderia ser prejudicial para a qualidade do vinho final.

O controlo da micro-oxigenação, portanto, depende da capacidade do técnico para perceber o etanal, cuja descrição varia segundo a concentração no vinho, desde um perfil de cacau em pó até maça assada.

Além do mais, dependendo da concentração de taninos e antocianos, é possível obter polímeros e resultados completamente diferentes.

Em caso de desequilíbrio (T/A > 4/1) a adição de oxigénio conduze a uma polimerização mais comprida e o impacto nos vinhos é diferente, sempre intentando limitar as sensações negativas como a secura em boca e a evolução da cor para tonalidades amarelas.

Em caso contrário, quando temos um rácio favorável (T/A = 4/1) a polimerização é mais limitada e o impacto sobre os vinhos é positivo (mais cor vermelha, mais gordura e uma melhor resistência à oxidação).

O rácio Tanino/Antociano lamentavelmente não é estável no tempo e tende a aumentar durante a vida do vinho devido á extrema fragilidade dos antocianos. Portanto, é necessário tentar reequilibrar esta relação o antes possível através de um lote temporã.

Há 2 fatores limitantes a ter em conta a hora de aplicar a micro-oxigenação a um vinho:

  • Temperatura
  • Turbidez

temperatura influencia diretamente a dissolução dos gases sobre os líquidos, é dizer, a dissolução do oxigénio nos vinhos.

A incorporação do oxigénio sobre vinhos demasiado frios pode provocar uma acumulação de una elevada quantidade de oxigénio, que, por consequente, pode dar oxidações importantes quando sobe a temperatura.

Por isso, se deve manter uma temperatura entre 16-18 ºC ou diminuir a adição de oxigénio, tudo dependendo de se nos encontramos em baixas temperaturas.

A figura 3 mostra os limites das doses que não devem exceder-se em função da temperatura.

¡PERIGRO! Acumulação de 02 se a dose é elevada

Figura 3: Doses de adição máxima de oxigénio (mL/L/mes) em função da temperatura. (Fonte : Vivelys) Figura 3: Doses de adição máxima de oxigénio (mL/L/mes) em função da temperatura. (Fonte : Vivelys)

Outro fator limitante da adição de oxigénio é a turbidez.

De facto, o consumo de oxigênio durante a fase de guarda é um fator a ser levado em consideração. Isso pode interferir com o objetivo de contribuir para a criação de polímeros Tanino / Antociano.

Portanto, será necessário limpar suficientemente os vinhos (entre 100 e 200 NTU) no final da FA para reduzir a quantidade das borras.

® Vivelys

Notícias relacionadas

Alargar as possibilidades do carvalho

Nos últimos anos, a realidade das aparas e das aduelas sofreu uma transformação surpreendente, passando de alternativas a ferramentas enológicas de precisão. Esta mudança tem assistido a uma utilização crescente do carvalho, não só pela sua tradição, mas também por trazer novas dimensões à vinificação.

Estratégia inteligente, resultado excelente

É inevitável que as incertezas nos persigam, quando falamos das vendas de vinhos, ajudas à destilação, ações de compensação pelo de quilos de uva em excesso, etc. São situações complexas que encontram eco no panorama atual do mercado vitivinícola.

Situações em que as estratégias das adegas são fundamentais para se destacarem no mercado e para reforçarem a imagem de marca.

Método Beauvillain

Este método francês promove a maceração pelicular em vinhos brancos e tintos, provenientes de mostos previamente clarificados.